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A maior parte dos manuais refere que a doença de Alzheimer é a responsável por 59 a 70% dos casos de demência. Portugal é uma excepção e um estudo de uma equipa do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, veio agora provar isso mesmo.
Após uma avaliação que envolveu 730 pessoas com mais de 55 anos, os investigadores concluíram que “os portugueses são mais afectados por demência vascular do que por Alzheimer”. Dentro dos vários casos de dmência, no nosso país, a demência vascular tem uma prevelência de 52%, enquanto que a doença de Alzheimer tem uma prevelência de 36,1%.
A explicação para estes números está no exagerado número de AVC (Acidente Vascular Cerebral). Portugal é o país da Europa que tem a mais elevada prevalência de AVC. Todos os dias morrem 100 portugueses por doença cérebro-cardiovascular.
Esta realidade deve-se sobretudo aos casos elevados de hipertensão arterial e ao consumo excessivo de sal, entre outros fatores.
Uma boa notícia para Portugal: a demência vascular, ao contrário da doença de Alzheimer, pode ser prevenida.
A demência vascular pode ser prevenida, corrigindo os fatores de risco e adoptando um estilo de vida saudável: exercício físico, alimentação equilibrada (com baixo consumo de sal) dormir bem e não fumar estão no topo da lista dos cuidados a ter.
Além disso, fazer rastreios regulares e “saber os seus números" (pulsação, tensão arterial, glicémia, colesterol, peso, altura, perímetro abdominal) é obrigatório, tentando mantê-los dentro da chamada "normalidade”. Esta é outra forma de prevenção.
Temos todos que trabalhar para que esta prevenção seja cada vez mais falada e praticada, de forma a diminuir os casos de doenças cérebro-cardiovasculares e, consequentemente, os casos de demência vascular.
Nunca se falou tanto de saúde, de alimentação, de vida saudável, enfim, fala-se muito, mas os números dizem que não estamos nada bem no que à literacia em saúde diz respeito. Mais de metade dos portugueses não percebe informações básicas sobre saúde.
Quanto mais velhas forem as pessoas e quanto menos escolaridade tiverem, maior a dificuldade em perceber este tipo de informações. Na população entre os 16 e os 44 anos, a proporção daqueles que mostram níveis de literacia inadequados oscila entre os 62% e os 65%. Essa percentagem vai aumentando e, na faixa etária entre os 65 e 79 anos, corresponde a 94% da população. Quanto ao nível de escolaridade, entre os que têm menos do que o 4.º ano, 97,5% têm um nível de literacia em saúde inadequado. Já entre a população com pelo menos uma licenciatura completa, essa proporção desce para 44,5%.
De quem é a culpa? De todo o sistema. Sempre me questionei porque é que nos programas escolares não existe uma disciplina de saúde. Esta disciplina deveria ser das mais importantes para construir uma sociedade saudável, responsável, com vontade de viver, de trabalhar e de contribuir para um “país saudável”.
A educação em saúde tem que começar nos primeiros anos de vida, pois só assim teremos adultos responsáveis e conscientes sobre os vários problemas que vão enfrentar e sobre a melhor forma de fazerem uma boa prevenção da doença e promoção da saúde.
Começando nos primeiros anos da escola, tudo é mais fácil de aprender e o que mais tarde parece difícil, quando aprendido em pequenino nem sequer é questionado e passa a fazer parte da rotina diária. Falo de ensinar a comer bem, a praticar exercício físico e a dormir as horas necessárias. Contudo, isto não é tudo. É importante terem também noções básicas sobre medicamentos, sobre primeiros socorros, sobre leitura de rótulos e bulas, sobre prevenção de diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares. Enfim, os assuntos são muitos e deveriam fazer parte do dia-a-dia de todas as famílias.
Temos que falar mais sobre saúde. Temos que ter mais tempo para chegar a todos a mensagem da importância de adoptar estilos de vida saudáveis. Temos que explicar melhor, com uma linguagem simples, tudo aquilo que achamos que é importante ser esclarecido. Temos que deixar que nos façam perguntas. Temos que explicar a importância de seguir os conselhos dos profissionais de saúde, não nos limitarmos apenas a dizer que é assim, mas a explicarmos porque é que é assim.
Somos todos responsáveis! Por isso, temos todos que trabalhar para alterar os números. Falar de saúde, de prevenção da doença e de promoção de um estilo de vida saudável, está ao alcance de todos nós. Profissionais de saúde, educadores, políticos, vamos todos sentir-nos responsáveis por isto, pois só assim podemos sonhar com um Mundo melhor!
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) define literacia em saúde como o conjunto de “competências cognitivas e sociais e a capacidade dos indivíduos para ganharem acesso a compreenderem e a usarem informação de formas que promovam e mantenham boa saúde (WHO, 1998): é a capacidade para tomar decisões em saúde fundamentadas, no decurso da vida do dia a dia – em casa, na comunidade, no local de trabalho, no mercado, na utilização do sistema de saúde e no contexto político; possibilita o aumento do controlo das pessoas sobre a sua saúde, a sua capacidade para procurar informação e para assumir responsabilidades.”
Fala-se de Drones e só pensamos nos aeroportos e no seu perigo para as aeronaves. Ainda o mês passado, o aeroporto de Gatwick, em Londres, teve encerrado por causa destas “aves” modernas.
Os Drones são perigosos, sobretudo quando as regras para a sua utilização não existem ou não são cumpridas. Contudo, a sua utilidade é inquestionável e, em termos de saúde, podem ser muito úteis e ajudar a salvar muitas vidas.
Já falei AQUI de drones e na sua utilidade no combate de algumas doenças, nomeadamente no combate à Malária, na Tanzânia.
Também li uma notícia no “Observador” que falava de uma experiência da UNICEF com Drones, em Vanuatu. Nesta experiência, um drone demorou 25 minutos a percorrer 40 Km e garantiu a preservação das vacinas que transportava. Vou partilhar o vídeo do “Observador”:
Os Drones tornam possível as condições para o transporte das vacinas e também para o transporte de outros medicamentos.
Em Portugal, também já se fala de Drones nesta área e a Farmácia da Lajeosa do Dão é um grande exemplo. Hugo Ângelo, o farmacêutico da terra, foi o mentor do projeto. Consegue, via drone, entregar medicamentos às populações mais isoladas da região. Quem diria que em Tondela os medicamentos podem chegar rápido e em boas condições às populações? Tantas vezes que as estradas sinuosas destas terras são um entrave ao desenvolvimento das mesmas e à prestação de cuidados de saúde, sobretudo aos mais idosos.
Este feito foi reconhecido e o projeto da Farmácia da Lajeosa venceu o Prémio João Cordeiro de 2018 - Inovação em Farmácia, na categoria Reconhecimento da Farmácia.
Como vêem, os Drones não são os “maus da fita”; os homens é que têm que saber utilizá-los com regras e consciência da sua potencialidade e também dos perigos que decorrem da sua má utilização.
Em termos de Saúde, estas “aves” dos nossos dias ainda vão dar muito que falar...
O frio aperta e prevê-se que as gripes cheguem em força nos próximos dias. O mês passado já falei AQUI de como se prevenir das doenças de Inverno, mas hoje venho reforçar algumas dicas importantes para evitar e combater a Gripe.
O vírus da gripe é transmitido através de partículas de saliva de uma pessoa infetada, expelidas sobretudo através da tosse e dos espirros, mas também por contacto direto com partes do corpo ou superfícies contaminadas (por exemplo, através das mãos). Por esta razão, devemos tomar algumas medidas para prevenir a gripe, nomeadamente:
- Lavar frequentemente as mãos com água e sabão (caso não seja possível, utilizar toalhetes).
- Utilizar lenços de papel descartáveis e deitá-los sempre nos sanitários ou lixo comum.
- Ao espirrar ou tossir, proteger a boca com um lenço de papel ou com o antebraço (não utilizar as mãos).
Caso os primeiros sintomas de gripe apareçam, aqui ficam 3 conselhos importantes:
- Não vão diretamente à urgência! A primeira porta de entrada no sistema de saúde, nesta altura, deve ser o SNS24, através do número 808242424. Esta linha é atendida por enfermeiros que fazem a triagem. A grande maioria das pessoas pode ser tratada em casa ou nos Centros de Saúde.
- Não tomem antibióticos por iniciativa própria! Estes medicamentos não curam as doenças virais, como a gripe.
- Protejam-se do frio, tenham uma alimentação equilibrada e bebam muita água!
Fale de tudo isto com os seus familiares, amigos, vizinhos, pois se todos tomarmos medidas responsáveis, será mais fácil gerir estes períodos nos hospitais e Centros de Saúde. Muitas vezes, são as medidas mais simples que evitam a propagação da doença e as temíveis epidemias.
Só mais uma nota: os centros de saúde já ativaram os seus planos de contingência devido ao frio e muitos deles já estão a funcionar com horário alargado.
Hoje fui fazer umas compras à farmácia e colocaram-me no saquinho de papel, um folheto juntamente com os medicamentos. O tal folheto fala de conselhos tão importantes para o nosso Coração, que resolvi partilhá-lo aqui convosco, apesar das fotografias não estarem com muita qualidade:
Cá está a base da prevenção de tantas doenças: alimentação e exercício físico. Também muito importante é conhecer os seus números: níveis de colesterol, glicose, pressão arterial, peso e circunferência abdominal. Só conhecendo como vai a sua saúde, pode prevenir e melhorar o seu estado, no que à saúde diz respeito.
Neste folheto, falta um fator muito importante para o sucesso da nossa saúde: ter um sono de qualidade e na quantidade ideal para cada idade.
A conclusão está no folheto : as doenças cardiovasculares podem ser prevenidas ou retardadas através da alteração do nosso estilo de vida. Temos todos que refletir sobre isto.
Fica aqui só um aparte para os meus colegas farmacêuticos: que tal dar estes folhetos em mão, com umas palavrinhas de aconselhamento? Eu gosto mais e acho que pode ser mais eficaz.
Chegou o frio e com ele as temíveis gripes. Como prevenir? A vacinação é a melhor e quase a única forma de prevenir a gripe e felizmente, já muita gente foi vacinada desde Outubro.
Contudo, existem algumas medidas básicas para prevenir esta doença de Inverno. Vou mencionar algumas delas:
Muito importante também é ter sempre em casa um “Kit Farmácia Inverno” preparado para qualquer contratempo:
Não esquecer nunca que todos os medicamentos devem ser tomados de acordo com as indicações do médico ou do farmacêutico!
Antes de falar desta campanha, convém recordar mais uma vez alguns pontos sobre a pílula do dia seguinte:
- Solicite a contracepção de emergência numa farmácia e aconselhe-se sempre com o farmacêutico sobre as tomas, as contra-indicações, os efeitos secundários e a mais aconselhável para o seu caso.
- Tome a pílula do dia seguinte assim que possível após uma relação sexual não protegida ou falha do método contraceptivo utilizado.
- A toma desta pílula não protege contra uma gravidez resultante de relações sexuais futuras nem contra doenças sexualmente transmissíveis.
- A PÍLULA DO DIA SEGUINTE É UM MÉTODO ANTICONCEPCIONAL DE EMERGÊNCIA.
A campanha “O Meu Dia Seguinte” é a primeira campanha da marca ellaOne dirigida ao consumidor desde que se tornou disponível sem receita médica em farmácia, em 2015. Destina-se, essencialmente, a mulheres entre os 18 e 25 anos que atualmente não desejam engravidar, mas que em caso de falha do seu método contraceptivo ou ausência do mesmo, não recorrem à contracepção de emergência devido a falsas perceções negativas e equívocos sobre este método.
A campanha “O Meu Dia Seguinte” estará ativa exclusivamente nas plataformas digitais, canal por excelência para chegar aos mais jovens, público que está a iniciar a sua atividade sexual e que, na grande maioria das vezes, apesar de ter um acesso privilegiado à informação, tem um elevado desconhecimento/desinformação no que toca à pílula do dia seguinte.
Em todas as versões do vídeo destinadas aos diversos formatos digitais (youtube, facebook, instagram) é reforçada a mensagem de que a pílula do dia seguinte ajuda a prevenir uma gravidez não planeada perante uma falha na contraceção.
Deixo-vos com um dos vídeos desta campanha:
Foi ontem aprovada a inclusão de mais três vacinas no Plano Nacional de Vacinação: Meningite B, Rotavírus e Vírus do Papiloma Humano (HPV) para rapazes.
Meningite B
O meningococo B é o mais predominante em Portugal; mais de 70% das meningites no nosso país são provocadas pelo meningococo B. Transmitida por secreções respiratórias, a bactéria atinge crianças com menos de cinco anos, com um pico aos seis meses, levando à morte 5% a 14% delas e deixando 11% a 19% com sequelas, como danos neurológicos, perda de audição ou amputações. Há também risco de infeção entre os adolescentes. Apesar dos encargos (cerca de 300€ no total das doses), a grande maioria dos pais tem seguido as indicações dos pediatras e temos muitas crianças já vacinadas. Agora, vamos poder vacinar todos, os que podem e os que não podem pagar.
Rotavírus
O Rotavírus é a causa mais comum de diarreia grave com desidratação em crianças pequenas, entre os três e os quinze meses de idade. Trata-se de um dos vírus causador da tão conhecida gastroenterite. Muitos médicos questionam a importância desta vacina no Plano Nacional de Vacinação.
HPV para rapazes
A vacina contra o HPV foi incluída no Plano Nacional de Vacinação em outubro de 2008, mas apenas para raparigas, pois este vírus é responsável por 90% dos cancros do colo do útero. Ontem esta imunização foi também alargada a rapazes, pois o Vírus do Papiloma Humano pode ser transmitido através de qualquer contacto sexual/genital ou oral, não escolhendo idade e não sendo um problema exclusivamente feminino.
Convém salientar que esta introdução das vacinas no Plano Nacional de Vacinação foi feita pela Assembleia da República, sem o aval da comissão técnica que trata deste assunto e da Direção Geral da Saúde. Apesar de tudo e de ser uma boa notícia, algo vai mal quando “quem manda não ouve quem sabe.”
1. Não tomar antibióticos por iniciativa própria.
2. Seguir exclusivamente a recomendação do médico.
3. Tomar o antibiótico ao longo do tempo prescrito e respeitando os horários e dosagens.
4. Entregar na farmácia as eventuais sobras.
5. Nunca partilhar os antibióticos prescritos em seu nome com familiares ou amigos.
Já que estamos a falar de antibióticos e o frio, constipações e gripes começaram a chegar, não se esqueçam que a maioria desta doenças se Inverno não se curam com antibióticos!
Se tiverem algumas dúvidas, consultem AQUI o meu post com o título: “Antibióticos: verdadeiro ou falso?”
Aqui fica mais um cartaz do SNS que tem este assunto sempre como prioritário nos seus conselhos à população:
Foram muitas as notícias relativas ao medicamento Metamizol, mais conhecido por Nolotil, na sequência da morte de 10 britânicos que compraram este medicamento em Espanha.
O Metamizol é um medicamento utilizado para o tratamento da dor aguda e intensa e na febre alta que não responde a outras terapêuticas antipiréticas. Em Portugal é utilizado há cerca de 40 anos.
Na sequência das referidas mortes está uma reação adversa do metamizol denominada agranulocitose que, apesar de ser muito grave, é muito rara.
O Infarmed esclareceu que em “Portugal foram notificados ao sistema de farmacologia, entre 2008 e 2018, um total de 11 casos de agranulocitose potencialmente associados à utilização de metamizol, com uma frequência de um a dois casos por ano (o que se encontra dentro da frequência expectável de uma reação rara)”.
O Infarmed diz ainda que “estes medicamentos não devem ser utilizados em doentes com reações hematológicas prévias ao metamizol, em tratamento com imunossupressores ou outros medicamentos que possam causar agranulocitose. Deve ser tida particular atenção à prescrição destes medicamentos em doentes idosos”.
Quem utiliza este medicamento por indicação médica não deve entrar em pânico. O metamizol mantém uma relação benefício-risco positiva, desde que seja utilizado para o fim a que se destina e durante o tempo aconselhado pelo médico ou farmacêutico (normalmente, não deve exceder os 7 dias).
Já agora, só mais uma informação: em Portugal, com este princípio ativo, temos o genérico (Metamizol Cinfa), o Nolotil e o Dolocalma.