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Não ía falar sobre este assunto, mas noto agora alguns pais preocupados e a perguntarem qual a minha opinião, após as notícias que saíram nos últimos dias. Já abordei este tema AQUI no blog em maio do ano passado, pois é um assunto que me preocupa e acho que deve ser bem debatido, pois pode tornar-se, se já não o é, um grave problema de saúde pública.
Pois é, para mim não é novidade, mas os números chegaram e a venda do fármaco Cloridrato de Metilfenidato, mais conhecido por Ritalina, duplicou nos últimos sete anos.
Este fármaco é indicado para os Problemas de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA). Será que em sete anos duplicou o número de crianças com esta patologia? Permitam-me duvidar...
De qualquer forma, pelo que sei, estes problemas são facilmente diagnosticados pelos médicos e não posso acreditar que as crianças são "hipermedicadas à toa" ou por pressão dos papás. Confio nos médicos, mas acredito que há qualquer coisa de errado nesta "hiperatividade da Ritalina".
O meu conselho para os pais é: muita atenção e acompanhamento durante todas as fases de crescimento dos filhos! Não se esqueçam que as crianças não são todas iguais e não podem ser boas a tudo e a todas as disciplinas! Parece que, no mundo em que vivemos, vale tudo para que os meninos tenham bons resultados. Li num jornal qualquer que há turmas em que 80% dos alunos estão sob o efeito da Ritalina ou de outras substâncias.
Em 2016 houve um ligeiro decréscimo na venda deste fármaco, mas não se iludam, pois um outro medicamento para tratar a PHDA começou a ser comparticipado; chama-se Atomoxetina (Strattera) e não sei qual foi o aumento de vendas neste último ano, mas ele também anda por aí nalgumas casas.
Qual é a minha opinião?
1. Estes medicamentos estão no mercado e são seguros.
2. Temos que confiar nos médicos dos nossos filhos.
3. Temos que estar atentos e saber o que diz a bula do Metilfenidato (Ritalina): "este medicamento destina-se ao tratamento da perturbação de hiperatividade com défice de atenção, a partir dos seis anos, devendo ser utilizado unicamente após serem testados tratamentos que não envolvem medicamentos, tais como aconselhamento e terapia comportamental e que tenham sido insuficientes. A prescrição deve ser efetuada apenas por médicos especialistas em alterações do comportamento e deve ser utilizado como parte de um programa de tratamento que geralmente inclui terapia psicológica, terapia educacional e terapia social. O medicamento não deve ser tomado para sempre, devendo a terapêutica ser interrompida durante pelo menos um ano quando a toma ocorre há doze meses; nas crianças o tratamento deve ser interrompido durante as férias escolares."
4. Temos que aceitar os nossos filhos como são e não achar que, só porque são mais irrequietos e não estão atentos na sala de aula, já precisam de ser medicados.
5. Temos que questionar: precisará mesmo de tomar esta "droga"? Como será a dependência da mesma?
Há quem lhe chame o "comprimido inteligente", mas não deixem que os vossos filhos achem que só são inteligentes quando tomam o referido comprimido! Já vi crianças desesperadas porque o médico suspendeu a toma da Ritalina e já vi professores que não sabiam o que haviam de fazer perante o pedido de uma criança para adiar uma determinada avaliação, por esquecimento da toma do comprimidinho da manhã. Isto é real e é grave. Não sei quem, mas alguém tem que fazer alguma coisa para diminuir o número de crianças dependentes desta "droga".