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Toda a gente já ouviu falar do PAN, um partido político de Portugal. Foi fundado em 2009 sob o nome Partido pelos Animai (PPA). Em 2011, como não defendiam apenas os animais, mudaram o nome para Partido pelos Animais e pela Natureza (PAN) e, ainda insatisfeitos, em 2014, decidiram alterar o nome para Pessoas-Animais-Natureza (PAN).
Agora sim, é um partido de causas de todos e de tudo, defensor dos direitos das pessoas, dos animais e da natureza.
Isto equivale a dizer que se pode meter em tudo? Penso que não. Nem eles nem os outros partidos. Odeio falar de política neste espaço, mas não é disso que se trata. Trata-se de um assunto de saúde, mais exatamente de um assunto de prescrição de medicamentos, a chamada prescrição médica. Tem esse nome por isso mesmo, porque compete aos médicos serem os responsáveis por essa prescrição.
Se há algum medicamento que eu muitas vezes ponho em causa o seu bom uso, é o metilfenidato (mais conhecido por Ritalina), mas quem sou eu para julgar uma prescrição médica? Sou farmacêutica, mas sei que a prescrição do medicamento e a sua necessidade em determinado doente, compete inteiramente ao médico. Parece que os senhores do PAN não têm a mesma opinião e acham que devem interferir nesta pescrição, proibindo os médicos de prescrever Ritalina a crianças com menos de seis anos.
É verdade que já há alguns anos se fala nisto e que muitos especialistas contestam o uso deste psicofármaco em crianças com menos de seis anos. Algumas novas linhas orientadoras (por exemplo, o National Institute for Health and Clinical Excellence -NICE), referem que estes medicamentos não devem ser prescritos a menores de cinco anos e, apenas como último recurso, devem ser usados por crianças mais velhas.
Em Portugal, em casos muito especiais, são receitados a crianças de menor idade, pois o seu uso não está proibido. Convém realçar que os medicamentos usados em casos de défice de atenção e hiperactividade, só são prescritos como tratamento de última linha, quando a terapia comportamental não resulta. Pelo menos, assim deveria ser...
Concordo inteiramente com a classe médica. “Esta decisão não compete a políticos, deputados ou qualquer outra pessoa que não seja especialista ou esteja habilitada a avaliar a necessidade desse medicamento.”
Deixem que sejam os médicos, os farmacêuticos e todos aqueles que estudam o bom uso dos medicamentos, a tratar do assunto e a tomar a decisão mais acertada, sempre em prol da melhor saúde dos doentes! Mais uma vez, aplica-se muito bem o ditado: “cada macaco no seu galho”.