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Nunca se falou tanto de saúde, de alimentação, de vida saudável, enfim, fala-se muito, mas os números dizem que não estamos nada bem no que à literacia em saúde diz respeito. Mais de metade dos portugueses não percebe informações básicas sobre saúde.
Quanto mais velhas forem as pessoas e quanto menos escolaridade tiverem, maior a dificuldade em perceber este tipo de informações. Na população entre os 16 e os 44 anos, a proporção daqueles que mostram níveis de literacia inadequados oscila entre os 62% e os 65%. Essa percentagem vai aumentando e, na faixa etária entre os 65 e 79 anos, corresponde a 94% da população. Quanto ao nível de escolaridade, entre os que têm menos do que o 4.º ano, 97,5% têm um nível de literacia em saúde inadequado. Já entre a população com pelo menos uma licenciatura completa, essa proporção desce para 44,5%.
De quem é a culpa? De todo o sistema. Sempre me questionei porque é que nos programas escolares não existe uma disciplina de saúde. Esta disciplina deveria ser das mais importantes para construir uma sociedade saudável, responsável, com vontade de viver, de trabalhar e de contribuir para um “país saudável”.
A educação em saúde tem que começar nos primeiros anos de vida, pois só assim teremos adultos responsáveis e conscientes sobre os vários problemas que vão enfrentar e sobre a melhor forma de fazerem uma boa prevenção da doença e promoção da saúde.
Começando nos primeiros anos da escola, tudo é mais fácil de aprender e o que mais tarde parece difícil, quando aprendido em pequenino nem sequer é questionado e passa a fazer parte da rotina diária. Falo de ensinar a comer bem, a praticar exercício físico e a dormir as horas necessárias. Contudo, isto não é tudo. É importante terem também noções básicas sobre medicamentos, sobre primeiros socorros, sobre leitura de rótulos e bulas, sobre prevenção de diabetes, obesidade e doenças cardiovasculares. Enfim, os assuntos são muitos e deveriam fazer parte do dia-a-dia de todas as famílias.
Temos que falar mais sobre saúde. Temos que ter mais tempo para chegar a todos a mensagem da importância de adoptar estilos de vida saudáveis. Temos que explicar melhor, com uma linguagem simples, tudo aquilo que achamos que é importante ser esclarecido. Temos que deixar que nos façam perguntas. Temos que explicar a importância de seguir os conselhos dos profissionais de saúde, não nos limitarmos apenas a dizer que é assim, mas a explicarmos porque é que é assim.
Somos todos responsáveis! Por isso, temos todos que trabalhar para alterar os números. Falar de saúde, de prevenção da doença e de promoção de um estilo de vida saudável, está ao alcance de todos nós. Profissionais de saúde, educadores, políticos, vamos todos sentir-nos responsáveis por isto, pois só assim podemos sonhar com um Mundo melhor!
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) define literacia em saúde como o conjunto de “competências cognitivas e sociais e a capacidade dos indivíduos para ganharem acesso a compreenderem e a usarem informação de formas que promovam e mantenham boa saúde (WHO, 1998): é a capacidade para tomar decisões em saúde fundamentadas, no decurso da vida do dia a dia – em casa, na comunidade, no local de trabalho, no mercado, na utilização do sistema de saúde e no contexto político; possibilita o aumento do controlo das pessoas sobre a sua saúde, a sua capacidade para procurar informação e para assumir responsabilidades.”