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Hoje, vou presentear-vos com um artigo que escrevi para a revista "Inominável" que saíu este mês. Já agora, dêem AQUI uma "olhadela" na revista. Vai valer a pena!
Na saúde, assim como na vida, nem tudo é "preto no branco"
Na vida, prevalecem os aspetos cinza, aqueles que parecem ser difíceis de resolver e que, muitas vezes, parecem não ter uma solução lógica.
Assim como na vida, também com a saúde existem muitos aspetos cinza. Era tão mais fácil se a expressão "preto no branco" se aplicasse aos ramos da Saúde. São ramos onde não existem certezas absolutas. A arte de curar não é uma ciência exata como a Matemática, não é tudo "preto no branco".
Porque é que isto é assim? Porque cada paciente é único, único na forma de apresentação da doença, único no desenvolvimento dos sintomas e também único na resposta terapêutica ao tratamento instituído.
Além disso, também na investigação científica e na procura de novas terapias, nem tudo é "preto no branco". Por vezes, uma hipótese ou um tratamento parece ser o mais correto à luz dos conhecimentos que temos naquele momento e mais tarde, vemos que a verdade (o correto) é diferente daquela que achamos ser a verdade antes.
Como não é tudo "preto no branco", seria muito importante que toda a gente tivesse consciência que para tratar de assuntos de Saúde, existem profissionais especializados e procurar soluções na internet ou no "vizinho" não é a forma mais correta de alcançar os objetivos. Pode acontecer, um dado conselho resultar hoje e o mesmo não ser o aconselhado para o problema que poderá surgir a seguir.
São comuns relatos de pacientes que passaram a tomar determinados medicamentos, a partir de recomendações de vizinhos, amigos ou parentes. Os perigos desta prática são reais e graves e é uma grande preocupação para todos os profissionais de Saúde. Porquê?
- Porque nem sempre o mesmo sintoma é de uma mesma doença;
- Porque nem sempre o medicamento que aliviou o outro, vai aliviá-lo a si.
- Porque nem sempre pode tomar os medicamentos dos outros, pois podem interferir com a sua medicação crónica, diminuindo o seu efeito ou tendo efeitos secundários inesperados.
- Porque um medicamento mal usado pode mascarar alguns outros sintomas e retardar o diagnóstico de uma doença grave.
- Porque as pessoas são diferentes, as indicações são diferentes e as doses são diferentes.
A automedicação é um grave problema de Saúde Pública, em Portugal e em muitos países.
Não se automedique! Um medicamento na dose errada pode ser tóxico e pode matar.
Falo de medicamentos, mas é bom também estar atento aos suplementos alimentares e às conhecidas "mezinhas". Também aqui, nem tudo é "preto no branco".
Sabia que o "tão na moda" Aloé vera pode alimentar o desenvolvimento de tumores? E que o Ginseng pode aumentar a incidência de dores musculares, quando utilizado ao mesmo tempo que os medicamentos para o colesterol? Então e a "inofensiva" camomila, que pode interagir com os anticoagulantes orais e provocar hemorragias ou nódoas negras? Claro que, juntamente com estes factos, estes produtos também têm os seus benefícios mas, sobretudo em termos de Saúde, "cada caso é um caso".
Não se esqueça nunca que, quando falamos de Saúde, nem tudo é "preto no branco"!