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As células estaminais, também chamadas células precursoras ou células mãe, são células com capacidade para darem origem às células especializadas que constituem os tecidos e órgãos do nosso corpo. Esta especialização acontece ao longo de toda a vida.
As características das células estaminais permitem a reparação de tecidos danificados e a substituição das células que vão morrendo, sendo por isso tão importantes no tratamento de diversas doenças.
Existe uma maneira de "guardar" as células estaminais, chamada criopreservação, que é feita a partir das células do cordão umbilical. A Crioestaminal tem 13 anos e foi o primeiro banco português de criopreservação de células estaminais, contando já com mais de 70.000 amostras armazenadas.
Durante o 55º Congresso Anual da International Spinal Cord Society, que se realizou em Viena, foram apresentados os resultados preliminares de um ensaio clínico para avaliar os efeitos da infusão de células estaminais em doentes com lesões na coluna cervical. Todos sabemos que, muitas vezes, estas lesões são acompanhadas da perda de controlo dos movimentos dos membros superiores e inferiores (tetraplegia).
Neste âmbito, a empresa americana de biotecnologia Asterias Biotherapeutics, desenvolveu um ensaio clínico com o objetivo de avaliar a segurança e eficácia de células precursoras de oligodendrócitos, obtidas a partir de células estaminais embrionárias (AST-OPC1), no tratamento de doentes com lesões na coluna cervical, que tiveram perda total dos movimentos e da sensibilidade nos membros superiores e inferiores.
Nesta fase do ensaio clínico foram recrutados 5 doentes aos quais foi injetada uma dose de 10 milhões de células AST-OPC1 na região da lesão, entre os 14 e 30 dias após o acidente. Os doentes foram depois avaliados por uma escala de medida do nível de função motora, normalmente utilizada nestes casos.
Os resultados do ensaio mostraram que as células AST-OPC1 têm capacidade de contribuir para a reparação das células que foram danificadas na medula espinal, permitindo recuperar alguma função, pois foram registadas melhorias nas funções dos membros superiores dos 5 doentes tratados.
Um dos doentes submetidos ao ensaio, três meses depois, já era capaz de se alimentar sozinho, utilizar o telemóvel, escrever o seu nome e utilizar uma cadeira de rodas. Fantástico!
Os resultados superaram as espetativas dos investigadores, que esperavam começar a observar resultados apenas 6 ou 12 meses após o tratamento.
Todos os doentes continuarão a ser seguidos durante os 12 meses previstos no ensaio clínico, de modo a avaliar o efeito do tratamento a longo prazo.
Os investigadores planeiam agora instalar a próxima fase do estudo num outro grupo de doentes, aos quais será administrada uma dose de 20 milhões de células. Vamos continuar a acompanhar os resultados.
Segundo Alexandra Machado, Diretora Médica da Crioestaminal, "cada vez mais estamos a verificar resultados positivos na aplicação de células estaminais em diversas condições clínicas, surgindo muitas vezes como a única solução para aumentar a qualidade de vida dos doentes".
Se está grávida, informe-se como pode fazer para guardar as células estaminais do seu bebé! Infelizmente, ainda não é gratuito, mas existem várias opções. Pense em si, nos seus descendentes e também numa forma de ajudar os outros, dando-lhes a qualidade de vida que muitas vezes já perderam!