Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Como tem sido muito falado ultimamente, até 2050 prevê-se que a resistência aos antibióticos possa matar mais pessoas do que o cancro. É por isso que lutar contra o seu mau uso é uma urgência a nível mundial e todos devemos falar sobre isso, para sabermos como o evitar.
Aqui ficam 10 dicas importantes:
1 - Os antibióticos são receitados para todas as infeções.
Falso
Os antibióticos só são receitados quando é diagnosticada uma infeção causada por bactérias (infeção bacteriana) e só podem ser prescritos por um médico. Por vezes, um antibiótico também é prescrito para prevenir infeções causadas por bactérias (por exemplo, antes de uma cirurgia).
2 - Todos os antibióticos são iguais.
Falso
Existem centenas de antibióticos, agrupados em mais de 15 classes diferentes, que se diferenciam entre si pela sua estrutura química e pelo seu modo de ação contra as bactérias. Um antibiótico pode ser eficaz contra vários tipos de bactérias ou contra apenas uma. É por isso que é fundamental que a prescrição seja adequada à bactéria em causa.
3 - É o nosso corpo que fica resistente ao antibiótico.
Falso
Não é o nosso corpo; são as bactérias que apresentam resistência aos antibióticos e isso acontece quando determinados antibióticos específicos perderam a capacidade de as matar ou impedir o seu desenvolvimento.
4 - Só a utilização excessiva ou inadequada de antibióticos acelera o aparecimento de bactérias resistentes.
Falso
A resistência aos antibióticos é uma situação natural causada por mutações nos genes das bactérias. Porém, a utilização excessiva ou inadequada de antibióticos acelera o aparecimento das bactérias resistentes.
5 - Os antibióticos são a cura para as constipações e gripes.
Falso
Grande parte das constipações e gripes é causada por vírus, contra os quais os antibióticos não são eficazes.
6 - Se me sinto melhor, posso parar o antibiótico.
Falso
Se parar de tomar o antibiótico, a bactéria pode replicar-se e até causar uma infecção mais grave.
De qualquer forma, se o antibiótico estiver a ser tomado (incorretamente) para uma infeção viral, o melhor é parar de o tomar.
7 - Posso alterar a dose prescrita e o intervalo entre as tomas.
Falso
Deve seguir escrupulosamente as indicações dadas pelo médico e pelo farmacêutico. Se alterar as doses, por exemplo, tomando menos quantidade, poderá não atingir a quantidade suficiente de medicamento no organismo para matar as bactérias e estas irão sobreviver, podendo tornar-se resistentes.
8 -Posso tomar o antibiótico de um familiar ou de um amigo.
Falso
Por várias razões: porque nunca deve sobrar antibiótico, porque as bactérias são diferentes e porque só o médico pode avaliar a necessidade de antibiótico para cada situação.
9 - Devo tomar sempre o antibiótico com o estômago cheio.
Falso
Deve sempre perguntar ao médico ou ao farmacêutico como deve tomar o antibiótico, pois alguns devem ser tomados após uma refeição, enquanto que outros podem fazer mais efeito com o estômago vazio.
10 - Não posso beber bebidas alcoólicas quando tomo antibiótico.
Verdadeiro e Falso
Isto é verdadeiro se beber muito, mas se beber só um ou dois copos de vinho ou cerveja, não é essa quantidade de álcool que vai cortar o efeito do antibiótico. Se está com ideias de beber muito, então a abstinência é mandatória.
Também os médicos, enfermeiros e farmacêuticos têm responsabilidades acrescidas no combate à resistência aos antibióticos, mas estou certa que todos eles estão conscientes das medidas a tomar:
- O médico deve prescrever antibióticos apenas quando são necessários, em conformidade com as orientações baseadas em factos científicos. Quando possível, deve prescrever um antibiótico específico para a infecção e não um de “largo espectro”.
- Os médicos, enfermeiros e farmacêuticos devem explicar aos doentes como aliviar os sintomas de constipações e de gripes sem utilizar antibióticos.
- Os médicos, enfermeiros e farmacêuticos devem informar os doentes sobre a importância de cumprir o tratamento com antibióticos, tal como indicado pelo médico.
A prova de que alguma coisa está a ser feito é que, em Portugal, o consumo de antibióticos tem vindo a baixar desde 2010, o que é uma muito boa notícia.