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Foi este o tema que escolhi e o artigo que já foi publicado na revista Inominável número 13 na área dedicada à saúde.
“Todos nós nos sentimos mal quando não dormimos bem, mas quase todos devemos horas à cama, o que se vai refletir no nosso quotidiano, a curto ou a longo prazo.
Quando falamos de sono, a nossa herança genética desempenha um papel importante e pode prejudicar a qualidade do mesmo. Como eu costumo dizer, só devíamos herdar o bom, mas isto está muito longe da verdade. Sabe-se que os genes associados ao tamanho da língua ou aos padrões de distribuição de peso podem levar à apneia do sono. Também a síndrome das pernas inquietas e a narcolepsia, dois distúrbios do sono, podem estar ligadas aos nossos genes.
Contudo, no que se refere ao sono, os genes não são os principais culpados e são vários os estudos científicos que “culpam” o estilo de vida das sociedades ocidentais pela má qualidade de sono instalado nas mesmas.
Existem mais de 100 doenças que podem estar relacionadas com o sono. Entre elas estão a obesidade, a diabetes, a depressão, a ansiedade, a hipertensão arterial, o aumento de risco de enfarte e Acidente Vascular Cerebral (AVC).
O sono possui uma função biológica crucial. O que é que acontece se andarmos, por exemplo, muito stressados e numa tensão enorme com as múltiplas tarefas que temos para fazer no dia-a-dia? Neste caso, pode aumentar o cortisol (hormona corticosteróide diretamente envolvida na resposta ao stress) que faz com que diminua a segregação de serotonina, um neurotransmissor de bem-estar e percursor de melatonina (a conhecida “hormona do sono”). A consequência de tudo isto, é um aumento dos estados depressivos, uma pior qualidade do sono, o que leva normalmente a uma sensação de cansaço e letargia durante o dia.
Além de tudo isto, a privação de sono vai deteriorando a capacidade de aprendizagem, a memória e a concentração. Este processo acontece, mas às vezes é lento, o que pode fazer com que se desvalorize e não se consiga agir em tempo útil para atenuar os efeitos dessa privação.
O QUE DEVEMOS FAZER PARA DORMIR MAIS E MELHOR?
- Oito horas de sono é o recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde), mas nem todos precisamos de dormir o mesmo número de horas...
- Fazer uma alimentação equilibrada, rica em proteínas e pobre em gorduras e açúcares. Alguns alimentos são fontes de melatonina, podendo induzir o sono, como é o exemplo das nozes e das bananas.
- Evitar o tabaco, o álcool e bebidas com cafeína antes de ir para a cama. Algumas infusões (camomila, passiflora) têm um efeito relaxante, ajudando a um sono mais tranquilo.
- Praticar uma atividade física regular, evitando desportos intensos no período da noite.
- Manter a temperatura da casa entre os 16 e os 22 graus celsius.
- Libertar o quarto de aparelhos eletrónicos (tablet, computador, telemóvel...). A luz destes aparelhos suprime a produção de melatonina.
- Realizar atividades relaxantes antes de ir dormir, como ler um livro, conversar, ouvir música ou algo que seja uma fonte de bem estar para a pessoa em causa.
- Manter o quarto com um ambiente tranquilo e arrumado, indicando que aquele é o local ideal para ter um sono de qualidade. Algumas pessoas gostam de utilizar ambientadores ou velas à base de Alfazema ou Lavanda, que podem ajudar a “compor” este ambiente relaxante.
- Tentar ir para a cama sempre à mesma hora pode a ajudar a regular o sono.
Se sofre de transtorno do sono de ritmo circadiano (jet lag de viagens ou turnos de trabalho), peça ajuda para regular o sono da forma mais eficaz e com menos prejuízos para a saúde.
Dormir não é perder tempo, pois o sono é fundamental para a vida. Se dormirmos bem, teremos uma maior produtividade e rendimento, tanto na vida pessoal, como profissional. Dormir bem torna-nos mais produtivos, mais seguros, com mais humor e com inúmeras melhorias em termos de saúde.
Se sabe que dorme mal, em quantidade e em qualidade, faça alguma coisa para mudar esse estado! Se não conseguir sozinho, com as medidas básicas que referi anteriormente, peça ajuda ao médico! Lembre-se que a grande maioria dos problemas de sono podem ser tratados!
Bons sonhos!”
Falando sobre este tema, aproveito para informar que vai decorrer em Lisboa, entre 16 e 19 de maio, a 1.ª edição do Lisbon Sleep Summit. Promovida pela neurologista e responsável pelo Centro de Medicina do Sono (CENC), Teresa Paiva, a iniciativa vai focar-se no “sono nas mulheres”, procurando avaliar o impacto de fatores internos e externos em qualquer idade e discutir as diferenças entre géneros no âmbito da Medicina do Sono. Mais uma oportunidade para falar deste assunto tão sério e que por vezes, até nos tira o sono...