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A não adesão à terapêutica é um grave problema de saúde pública. Fala-se muito sobre isto, mas poucas são as medidas tomadas para alterar a situação. Os números falam por si e sabe-se que 40% dos doentes interrompem a medicação prescrita pelo médico. E porque é que isto acontece? Sobretudo porque não lhes são devidamente explicadas as consequências de tal acto; normalmente sentem-se melhor, não lhes dói nada e acham que já não vale a pena continuarem a tomar “aquele medicamento que tem tantas contra-indicações” (como diz na bula...).
Quando falamos de hipertensão este problema é sério e o que parece ter melhorado com os “primeiros comprimidos” que o médico receitou, pode alterar gravemente o estado de saúde se, por alguma razão, se suspender o tratamento.
Um estudo actual (“Current Situation of Medication Adherence in Hypertension”)da autoria de vários investigadores europeus, concluiu que, num grupo de 16.907 indivíduos medicados para várias patologias, quase 40% dos participantes interromperam o tratamento ao fim de um ano.
Em Portugal, a baixa adesão ao tratamento é responsável por um inadequado controle da pressão arterial nos doentes hipertensos. De acordo com o presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, Dr. Carvalho Rodrigues, “é crucial promover terapêuticas e posologias simples e, simultaneamente eficazes, para aumentar a taxa de adesão ao tratamento. Cada vez mais temos de pugnar por associações de várias substâncias activas reunidas num só comprimido. Simples e eficaz traduz-se num acréscimo de adesão.”
Simples e eficazes podem ser quase todas as terapêuticas, desde que devidamente explicadas e seguidas por um profissional de saúde, seja ele o médico prescritor, o farmacêutico ou mesmo o enfermeiro de família.
A baixa adesão à terapêutica tem também consequências a nível económico. Os investigadores afirmam que cerca de 8% das despesas globais de saúde poderiam ser evitadas pela adesão à terapêutica.
Deixo aqui algumas dicas importantes sobre este assunto:
- Conheça os valores da sua Pressão Arterial, medindo-a regularmente!
- Tome toda a medicação prescrita pelo médico, sem interrupções!
- Reduza o consumo de sal!
- Faça exercício físico!
- Peça ajuda ao seu farmacêutico para controlar a sua Pressão Arterial! “O farmacêutico, enquanto profissional de saúde de proximidade e confiança, possui competências para atuar na administração da medicação, na promoção da adesão à terapêutica e no uso correto dos medicamento”.
Este foi o título do meu último artigo que saiu este mês na revista “Inominável” (ver AQUI) Nunca mais deixa de ser um assunto a discutir, apesar de não existirem dúvidas, há muitos anos, sobre os benefícios da vacinação. Aqui fica o artigo:
Se vacinar ainda é uma dúvida, algo está mal nas mensagens que têm sido passadas ao longo dos anos sobre este tema. Na grande maioria dos assuntos, sobretudo em termos de saúde, a desinformação é a principal responsável pela propagação do medo. Vamos mais uma vez esclarecer o que é e para que serve a vacinação, de modo a tentar que as pessoas nem sequer questionem este bem, em prol da saúde no mundo.
Vacina é um tipo de substância (vírus ou bactéria) que é introduzida no corpo de uma pessoa ou de um animal, de forma a criar imunidade a uma determinada doença. A imunidade criada através da vacina baseia-se na capacidade de reação do organismo aos agentes infecciosos ao produzir anticorpos que combatem esses agentes.
Quando uma pessoa ou animal são vacinados contra uma determinada doença, passam a ter imunidade em relação a essa doença. Mesmo que esta proteção (imunidade) não seja total, quem está vacinado tem sempre uma maior capacidade de resistência às respetivas doenças, com sintomas mais ligeiros e menos graves.
As vacinas têm uma função preventiva, normalmente são administradas a indivíduos saudáveis e os esquemas de vacinação começam logo na infância, de forma a que a proteção imunitária ocorra o mais cedo possível.
É de extrema importância que o Programa Nacional de Vacinação (PNV) seja cumprido e felizmente, o nosso país tem sido um exemplo neste campo. Doenças como a difteria, a poliomielite, o sarampo ou a tosse convulsa já quase não fazem parte do nosso vocabulário, devido à eficácia da vacinação. A principal função da vacinação é prevenir o aparecimento de doenças, muitas delas fatais.
Uma elevada cobertura vacinal traz benefícios pessoais, mas também para toda a comunidade, evitando que algumas doenças se espalhem. A chamada imunidade de grupo é a que nos protege e aquela que nos transmite segurança.
Muito importante também é a erradicação de determinadas doenças devido à vacinação, isto é, o desaparecimento de uma dada doença numa dada região. Nisto, Portugal também é um bom exemplo. Foram oficialmente erradicadas de Portugal várias doenças: malária, varíola, poliomielite, difteria, raiva humana e mais recentemente, a rubéola e o sarampo.
Como ouvi o pediatra Mário Cordeiro dizer sobre estes resultados, "nada podia ser mais explicito que vale a pena vacinar. Conseguimos controlar e erradicar estas doenças. É bom que não se esqueçam que há cerca de 20 anos Portugal teve um surto de sarampo em que morreram perto de 50 crianças. A memória não pode ser curta para não repetirmos o mesmo erro. Se não vacinarmos podemos voltar a ter o vírus. São as doenças que matam, não as vacinas. Estas são a melhor prevenção."
Convém não esquecer que enquanto o vírus ou bactéria circular no mundo, é necessário continuar a vacinar.
O Programa Nacional de Vacinação contempla as seguintes vacinas:
Atenção aos adultos! A vacina do tétano cai muitas vezes no esquecimento, mas deveria ser cumprido o plano. Aconselho uma consulta ao boletim de vacinas ou uma deslocação ao centro de saúde para verificar se a vacina está em dia!
Além da vacina do tétano, convém também lembrar a importância da vacina contra o HPV (Vírus do Papiloma Humano) que agora já faz parte do Plano Nacional de Vacinação, mas apenas para raparigas. O HPV é uma das principais causas de cancro tanto em mulheres como em homens (já que para além do cancro do colo do útero, pode também causar outros cancros anogenitais, como os da vulva, vagina e ânus e cancros da cabeça/pescoço), por isso deveria também ser dada aos rapazes.
Também são de extrema importância as vacinas da gripe, aconselhadas a determinados grupos (pessoas com mais de 65 anos, doentes crónicos e imunodeprimidos, grávidas e profissionais de saúde) e que devem ser feitas anualmente.
Além de todas estas vacinas, quando viajamos para determinados países (por exemplo, África, Ásia, América do Sul) devemos ir à consulta do viajante e levarmos as vacinas aconselhadas, sem hesitações e sem receios.
A opção de vacinar ou não vacinar não pode assentar em suposições e está longe de ser uma decisão individual, já que o indivíduo não vive sozinho, não é independente da comunidade. Vacinar deve ser uma obrigatoriedade, não uma opção!
Em resumo, os benefícios da imunização estão amplamente comprovados. A vacinação é responsável por erradicar por completo diversas doenças e por impedir anualmente milhões de mortes em todo o mundo. Vacinar já não devia ser uma dúvida! As vacinas não matam, mas as doenças podem matar!
Esta é a mensagem da Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC) que, no Dia dos Namorados (14 de fevereiro), lança uma campanha e alerta para importância de um coração saudável.
Para termos um coração saudável, convém saber quais os principais fatores de risco e saber como prevenir as doenças cardiovasculares. Convém não esquecermos que 80% das mortes provocadas por doenças cardiovasculares poderiam ser evitadas, mediante a adopção de estilos de vida mais saudáveis.
Principais fatores de risco das doenças cardiovasculares:
1 - Hipertensão Arterial (HTA)
2 - Hipercolesterolémia (Colesterol elevado)
3 - Diabetes
4 - Tabagismo
5 - Sedentarismo
6 - Maus hábitos alimentares
7 - Obesidade
8 - Stress
O que fazer para manter um coração saudável:
1 - Ter uma alimentação saudável
2 - Fazer exercício físico de forma regular
3 - Não fumar
4 - Combater a obesidade
5 - Combater a diabetes
6 - Controlar o stress
7 - Conhecer os seus valores (Pressão arterial, Colesterol, Glicémia)
Veja o vídeo da SPC para assinalar este dia:
Neste dia de Amor e de Corações, assinala-se também o Dia Nacional do Doente Coronário.
Fundação Portuguesa de Cardiologia
Bom dia dos Namorados, com corações muito saudáveis!
A aprovação da Lei sobre “despenalização da morte assistida” está outra vez na ordem do dia e a confusão está de novo instalada.
Este é um assunto muito sensível e só quem já acompanhou o sofrimento no final da vida de familiares mais próximos é que sabe do que estou a falar.
Independente das leis serem ou não aprovadas, eu sei o que gostaria para a minha vida, ou melhor, para o meu fim de vida. Sei que o que é importante para mim é a qualidade e dignidade da minha vida e não a quantidade da mesma. Para quê viver mais uns meses sem qualidade? Tenho também a certeza que, quando as coisas se começam a complicar, os chamados “Cuidados Paliativos” prestados por quem realmente sabe, são cruciais para um final de vida com dignidade e sem sofrimento.
A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos (APCP) merece todo o meu respeito e admiração, pelo que deixo aqui integralmente a tomada de posição desta Associação sobre as últimas declarações públicas no âmbito do tema “Eutanásia e Suicídio Medicamente Assistido”.
“Os corpos gerentes da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos, consideram que:
1 - Se reconhece a APCP como entidade que, desde o inicio deste debate, se tem pautado pela moderação e responsabilidade nas suas intervenções públicas;
2 - A APCP, instituição representante de profissionais em Cuidados Paliativos e firme defensora dos Doentes, Famílias e Cuidadores, não pode compactuar com declarações que, de forma mais ou menos deliberada, promovam equívocos que enviesem o debate atual;
3 - A argumentação pró legalização da eutanásia / suicídio assistido, ainda que aceitável no livre exercício da opinião de cada um não deve nunca ser utilizada como solução contra as práticas médicas e assistenciais inadequadas, artificiais e erradas no fim de vida, tal como a distanásia, contrárias aos princípios da medicina e ao interesse da pessoa assistida;
4 - A confusão entre estes dois procedimentos, por tantas vezes ser usada, parece propositada: uma coisa é executar a morte de um doente a pedido (eutanásia), outra é admitir que a sustentação artificial da vida não se deve prolongar (ortotanásia), deixando que sobrevenha a morte natural a alguém;
5 - É igualmente grave confundir a morte medicamente assistida e a verdadeira assistência médica para atenuar o sofrimento, realizada por profissionais tecnicamente habilitados. Está a primeira em clara colisão com as leis deontológicas da medicina em Portugal, assim como do ato médico;
6 - É de todo o interesse público que as suspeitas levantadas pelos intervenientes - responsáveis por instituições de alta relevância social e administradores por inerência de unidades hospitalares privadas – sejam investigadas e corrigidas por quem de direito;
Assim, reiteramos que:
1- Todos os intervenientes neste debate adotem uma posição pública responsável, de exemplar cidadania, utilizando a sua grande relevância junto da comunicação social com o objetivo de esclarecer em detrimento de confundir os nossos concidadãos;
2- As entidades responsáveis, tanto públicas como privadas, adotem medidas urgentes de reforço de formação e capacitação no fim de vida, particularmente no combate à distanásia ou outras práticas que em nada dignificam o fim de vida de cada um;
3- Os Senhores Bastonários das Ordens Profissionais indiretamente alvo destas declarações, adotem posições públicas no sentido de refutar as afirmações proferidas.
4- A APCP, no sentido de contribuir para o retomar do debate com discernimento e cidadania, solicitará ao Sr. Presidente da República uma audiência, assim como ao Sr. Bastonário da Ordem dos Médicos e à Sr.ª Bastonária da Ordem dos Enfermeiros.“
Só para resumir e para não haver confusões, aqui fica um pequeno dicionário:
Eutanásia - executar a morte de um doente a pedido; trata-se do chamado suicídio assistido.
Ortotanásia - admitir que a sustentação artificial da vida não se deve prolongar, permitindo ao doente uma morte digna, sem sofrimento.
Distanásia - prática para prolongar, através de meios artificiais e desproporcionais, a vida de um doente incurável.
Cada um é livre de ter a sua opinião, mas se tivermos bem presentes o que são os três conceitos anteriores, duvido que alguém queira sofrer ou submeter os seus entes queridos a práticas artificiais para prolongar o seu sofrimento. Se pensarmos em ortotanásia e não em eutanásia (palavra que assusta tanta gente), talvez tudo faça mais sentido...
Parece-me que já toda a gente conhece a VALORMED, mas continua a não haver muita consciência da importância que determinados actos têm para todos nós.
Já falei AQUI do que é a VALORMED e de várias campanhas que todos os anos alertam para a melhor forma de tratar os resíduos dos medicamentos.
Agora a EPAL juntou-se a esta causa. Para além da habitual fatura da água, a partir deste mês todos os clientes da EPAL irão receber um folheto informativo no qual a VALORMED tenta sensibilizar os cidadãos para o correto encaminhamento dos resíduos de medicamentos fora de prazo ou que já não sejam utilizados.
A EPAL e a VALORMED alertam também para o que não deve fazer. Os medicamentos fora de uso não devem ser despejados nos esgotos, nem deitados no lixo doméstico.
Esta campanha visa, por um lado, promover a entrega destes resíduos na farmácia mais próxima e, por outro, prevenir a sua deposição nas redes de drenagem de águas residuais urbanas ou nos contentores de resíduos sólidos urbanos.
Deixo-vos com o vídeo da campanha:
Aproveite, faça uma revisão da sua farmácia doméstica e deixe na farmácia mais próxima os medicamentos que já não utiliza, assim como aqueles que estão fora de prazo! A sua farmácia fica limpinha, organizada e o ambiente agradece.
Assinala-se este ano o Ano Global da Excelência da Educação em Dor.
Ao longo de 2018 a Associação Portuguesa para o Estudo da Dor (APED) vai promover várias iniciativas e ações de sensibilização, com o objetivo de melhorar a formação dos profissionais de saúde, educadores, estudantes, entidades governamentais, investigadores e do público em geral sobre a dor.
Tratar ou aliviar a dor é dos maiores desafios da medicina. O conforto físico e psicológico que é dado aos doentes que têm dor, seja ela aguda ou crónica, é das maiores preocupações dos profissionais da saúde e das Associações vocacionadas para este tema.
Dentro do tema escolhido a IASP (International Association for the Study of Pain) mostra-se mais preocupada com a falta de conhecimento dos problemas de saúde em relação à dor e à falta de educação e formação em dor no currículo dos profissionais de saúde. Por esta razão, "a APED irá tentar inverter esta situação ao promover iniciativas e ações de sensibilização que impactem a população e que possam ajudar a colmatar as lacunas identificadas pela IASP”, sublinha a presidente da APED.
Isto é um tema de extrema importância e de extrema preocupação para todos nós. Ter formação em “DOR” é um tema que não se esgota. Cada vez se consegue aliviar mais a dor, mas saber fazê-lo de uma forma consciente é a chave do sucesso da terapêutica da dor.
Nem imaginam a admiração que eu tenho pelos especialistas espalhadas pelo país dedicados à consulta da dor! Sei que não chegam nem para 10% daqueles que necessitam de ajuda neste campo. É urgente formar gente, formar gente que saiba tratar verdadeiramente da Dor!
O alívio da dor é uma das queixas mais comuns no balcão da farmácia. Cada vez mais, o farmacêutico tem que estar atento e aconselhar no sentido do não abuso do consumo de analgésicos, mostrar quais os efeitos colaterais, alertar para as doses máximas aconselhadas e encaminhar para consulta médica sempre que a dor teime em não passar.
Enquanto se fala em formação, e porque sei que alguma pessoas vieram ler este post para saberem de algumas dicas para aliviar a dor, aqui ficam algumas medidas básicas a adotar em caso de dor persistente:
1 - Colaborar com os profissionais de saúde. O médico compreende esta dor e sabe como ajudá-lo.
2 - Não se automedicar. Seguir sempre as instruções dadas relativamente aos medicamentos a tomar, não alterando as dosagens e os intervalos das tomas.
3 - Seguir os conselhos do médico e dos restantes profissionais de saúde relativamente às medidas não farmacológicas a adotar, nomeadamente fisioterapia, apoio psicológico ou algumas medicinas alternativas.
4 - Manter atividade física regular, adaptando os exercícios às suas capacidades. Não fazer mais do que aquilo que consegue e corrigir posturas inadequadas.
5 - Manter atividades sociais. Conviver e distrair-se é fundamental para aliviar a dor.
6 - Não menosprezar a dor. “Doer” não é normal e os próprios doentes precisam de compreender o que se passa com eles e saber como controlar a dor.
Quando falamos de dor, associamos muitas vezes a cancro e a cuidados paliativos, mas a dor é muito mais do que isso. É preciso tratar lombalgias, cefaleias, dores músculo-esqueléticas e muitas outras, tantas vezes “culpadas” do absentismo ao trabalho e, sobretudo, da falta de qualidade de vida.
Vamos seguir com atenção este Ano Global da Excelência da Educação em Dor!