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Em Junho deste ano, li uma notícia sobre um estudo europeu, SIMPATHY (Stimulating Innovation Management of Polypharmacy and Adherence in The Elderly), que falava de uma necessidade urgente da criação de um Plano Nacional de Revisão da Polimedicação na população idosa em Portugal.
A população idosa está a aumentar, assim como o número de patologias crónicas associadas ao envelhecimento. Com todo este panorama, a polimedicação é cada vez mais uma constante em Portugal e até agora, não havia qualquer política para lidar com este problema.
Por isso mesmo, a partir deste mês, na consulta pública, os médicos devem sinalizar e justificar obrigatoriamente os casos de idosos que tomam mais do que cinco medicamentos. Normalmente, são estes os doentes considerados "polimedicados" e, como sabem, são quase todos os doentes com doenças crónicas.
Esta é uma medida defendida na Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável. Segundo Pereira Miguel, coordenador do grupo de trabalho interministerial para a Estratégia do Envelhecimento Ativo e Saudável, "a ideia não é estabelecer um limite para a prescrição ou toma de medicamentos, nem sobrecarregar os médicos com trabalho burocrático, mas sim alertar para as interações medicamentosas".
Contudo, não são só as interações o problema. Podemos também preocupar-nos com o aumento da frequência das reações adversas e com o risco de quedas, tão comuns nos idosos e tantas vezes associadas aos medicamentos. São muitos os casos de internamentos hospitalares associados à polimedicação.
Neste campo, devemos falar não só dos medicamentos receitados pelo médico, mas também de todos aqueles que são vendidos sem receita médica e das "mezinhas" várias, que podem interferir com a medicação.
Também a diminuição na adesão à terapêutica decorrente de tomarem tantos medicamentos, é um dos possíveis efeitos da polimedicação.
Já tinha abordado este assunto várias vezes aqui no blog, salientando sempre a importância do papel do farmacêutico neste campo.
"O farmacêutico, enquanto profissional de saúde de proximidade e confiança, possui competências para atuar na administração da medicação, na promoção da adesão à terapêutica e no uso correto dos medicamento".
A gestão correta da medicação deve ser uma prioridade para médicos, farmacêuticos e para todos aqueles que se preocupam com o envelhecimento, que deve ser ativo e saudável.
A medida de que falamos hoje pode ser o início de algo muito importante para a Saúde de todos nós. É urgente refletirmos sobre aquilo que é prescrito a cada doente e sobre aquilo que é dispensado a cada doente! Penso que a medida não terá tanto a ver com a quantidade de medicamentos prescritos, mas sim com a necessidade de alertar para determinados doentes polimedicados e para a necessidade de acompanhamento dos mesmos.