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Dia Mundial da Prematuridade

por dicasdefarmaceutica, em 17.11.15

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Em todo o mundo, um em cada dez bebés nasce prematuro. Quando tal acontece, os pais raramente estão preparados para lidar com a situação e a partilha de experiências é uma das melhores formas para compreender e aceitar esta nova fase, tão importante na vida dos pais. É com o intuito de informar e sensibilizar para esta realidade, que se celebra hoje o Dia Mundial da Prematuridade.

A gravidez completa dura entre 37 e 42 semanas. Considera-se prematuridade sempre que o bebé nasce antes das 37 semanas de gestação.

 

Para celebrar este dia, vou só partilhar convosco um excerto de um texto da autoria de Dr. Octávio Cunha (pediatra) e vou dedicá-lo a todos os bebés prematuros e a todos os papás destes bebés:

 

"...No Castelo havia também uma sala especial, cheia de caixinhas transparentes. Iam para lá os meninos que ainda não eram para ser.

Chegavam sempre muito preocupados porque não tinham tido tempo de aprender a respirar e ainda nem sequer sabiam tomar o leite.

Eram todos muito pequenininhos e aquelas Gentes Vestidas de Verde começavam logo a fazer muitas coisas à volta deles. Mais tarde, quando já lhes tinham ensinado a respirar, saíam das caixinhas e contavam que ao princípio tinham tido muito medo mas que depois se divertiam imenso. Só não percebiam lá muito bem porque é que os penduravam nuns fios ligados a umas naves espaciais que tinham luzes vermelhas que apagavam e acendiam. Também contavam que ficavam cheios de vergonha quando se esqueciam de respirar.
É que sempre que isso acontecia, descia pelos fios um anãozinho de nariz vermelho, que até piscava, muito zangado e aos berros. Nessas alturas as Gentes Vestidas de Verde ouviam aquele barulho todo e vinham logo a correr. Abriam a porta da caixinha transparente e diziam “respira Princesa (ou Príncipe, claro) senão o anãozinho zangado sopra-te no nariz”.
Só que às vezes era tão difícil respirar e estava-se já tão cansado que as Gentes Vestidas de Verde tinham pena e então juntavam-se à volta da caixinha transparente a conversar e então iam buscar outra nave espacial que tinha muitos tubos.
Metiam uma palhinha no nosso nariz, ligavam aos tubos da Nave que Sabia Respirar e era muito bom porque pela palhinha do nariz começavam a chegar bolinhas de vento muito quentinho, que iam e vinham, sem se ter nenhum trabalho. Era bom entre outras coisas porque se ficava com uma cor mais bonita e como não se tinha nenhum trabalho a respirar ficava todo o tempo para sonhar e para conversar com os Meninos das outras caixinhas. Mas essa boa vida não durava sempre e nem sequer valia a pena fazer de conta que ainda não se sabia respirar porque aquelas Gentes Vestidas de Verde parece que adivinhavam e então abriam a porta e diziam “Atenção, atenção, a Nave Espacial que Sabe Respirar vai partir”. Tiravam a palhinha do nosso nariz e pronto, começávamos a respirar sozinhos.
Os nossos pais que passavam o dia a fazer-nos festinhas ficavam tão contentes que nós desistíamos de fazer batota e começávamos a respirar muito bem e a tomar o leite todo.

Esse era um tempo muito bom porque tudo ficava muito calmo à nossa volta e até as Gentes Vestidas de Verde que passavam, que tinham a mania de andar todo o dia a picar os nossos calcanhares deixavam de o fazer. Ficava então muito tempo para ver melhor o que se passava à nossa volta. As Gentes Vestidas de Verde riam-se muito quando nos vinham visitar e faziam caretas e contavam histórias.
Claro que eram histórias inventadas porque nós bem víamos que lá no mundo delas as coisas nem sempre corriam bem e deviam até ser muito complicadas. Havia também tempo para conversar com um pássaro branco de bico vermelho, que olhava para nós todo o dia e nos contava como era o mar e que lá fora havia noite e dia e que era muito bom voar e ver todas as coisas bonitas que ainda havia no mundo deles. Um dia, não se sabe porquê, mudava tudo. Uma Gente Vestida de Verde chegava, abria a porta grande e dizia “Princesa, estás tão linda e crescida! Vamos sair da caixinha transparente. Anda ouvir coisas que nunca ouviste.
Agora vais passar o dia ao colo dos teus pais, que te vão ensinar tudo o que nós não sabemos ensinar”. E saíamos mesmo!

Ao princípio era tudo muito complicado para nós. Os crescidos têm a mania de fazer muito barulho e depois estavam sempre a puxar-nos o nariz. Não era por mal. Só que a certa altura já era aborrecido. E depois, ainda para mais, vestiam-nos uns fatos, que eram os melhores que eles tinham, mas que faziam tanta impressão na nossa pele. Divertido era ver a cara dos nossos pais. Ficavam o dia inteiro de boca aberta e faziam barulhos tão esquisitos que nós, para eles não ficarem tristes, acabávamos por sorrir.
Às vezes havia música.
Um dia chegava sobre nós uma imensa Nave Espacial que atirava uns raios que não se viam mas serviam para nos tirar uma fotografia.

Ficávamos todos muito feios porque só se viam os ossos e o que estava por dentro de nós. Uma Gente Vestida de Verde virava então a fotografia para a luz, chamava as outras Gentes e dizia “Está tudo lindo. Vai poder ir embora”. E nós que estávamos ali tão bem, e até já tínhamos amigos, íamos mesmo embora. Não contentes com isso ainda nos picavam outra vez o calcanhar. Nunca se saberá porquê!..manias.


Depois de resolverem isso, sem sequer nos perguntarem se estávamos de acordo, escreviam a nossa vida toda nuns livrinhos cor-de-rosa para as Princesas e azuis para os Príncipes.
Não sei se é justo contarem assim a nossa vida toda mas parece que é importante para que as outras Gentes Vestidas de Qualquer Maneira, que estão no Mundo de fora, possam tratar melhor de nós.
Mas o máximo é quando chegam os nossos pais para nos levarem.
Vêm todos muito bem vestidos e contentes mas muito nervosos. A única coisa aborrecida é que têm a mania de trazer umas roupas que ainda picam mais e vestem-nos tanta coisa que nem podemos mexer lá dentro. E têm laços que apertam e botões que magoam. Que saudades daquele tempo quando ainda não éramos mas já estávamos a ser naquelas caixinhas transparentes! Todos nus e quentinhos. Enfim, como dizem os crescidos “Agora começa uma vida nova”.
Vamos lá ver como é."

publicado às 18:36

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