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Segundo um inquérito recente do INE (Instituto Nacional de Estatística), mais de um quarto dos jovens tomam medicamentos e suplementos sem controle.
Trata-se sobretudo de analgésicos, anti-inflamatórios e de um sem número de suplementos, sobretudo para a memória e para a ansiedade, mas também, para emagrecer, para "ter músculos" e até para aumentar o apetite sexual.
Tomam suplementos "para tudo e para mais alguma coisa", esquendo-se que a vida regrada, com descanso, exercício físico e uma correta alimentação, são a base de tudo o que pretendem alcançar. Estes três pilares (horas corretas de sono, exercício físico e alimentação equilibrada) são a melhor forma de garantir que a função cognitiva é maximizada.
Existem dois problemas distintos: o primeiro, é o uso de medicamentos e o segundo, o uso de suplementos.
O problema do abuso de medicamentos, como os famosos ben-u-ron ou brufen, é o hábito de ir comprar uma caixinha em qualquer local, sem aconselhamento e tomar de uma forma "leviana", como se tratasse de uma pastilha para tirar o mau hálito...Na realidade, na maioria das situações, a toma destes medicamentos poderia ser evitada. Neste campo, é fundamental a educação para a saúde desde a mais tenra idade, alertando para os efeitos adversos e as contra-indicações dos vários medicamentos, ditos de venda livre.
O segundo problema, o dos suplementos, parece ser ainda mais complexo porque, além de se venderem em todo o lado (até na internet...), muitos têm efeitos adversos graves, sobretudo quando tomados com outras "drogas". O problema dos suplementos é que não existem ensaios clínicos para muitos deles, que demonstrem a sua eficácia e segurança, como os que são obrigatórios para os medicamentos.
Claro que, muitas vezes, aqui no blog, falo de suplementos e é claro que os aconselho, a quem deles realmente precisa. Em minha casa também existem alguns, mas são tomados como se de medicamentos se tratassem, ou seja, sempre supervisionados por uma farmacêutica, claro!
Quando falo da problemática dos medicamentos e suplementos serem vendidos em toda a parte e a toda a gente, inclusive a crianças e jovens, não tenho nada contra os locais onde se vendem, pois o facto de serem vendidos em farmácias não lhes confere mais validade, só que, nas farmácias, o aconselhamento ainda é diferente e, quando falamos de jovens, esta diferença pode ser crucial.
Penso que este estudo do INE sobre esta realidade dos jovens tomarem medicamentos e suplementos sem controle, é de extrema importância, pois o uso indiscriminado de medicamentos e, principalmente, sem supervisão médica, acarreta riscos diretos e indiretos à população, tornando-se um importante problema de saúde pública.
Muito há para fazer neste campo e não tenho dúvidas que o começo está nos jovens.
O projeto Geração Saudável da responsabilidade da Ordem dos Farmacêuticos é um exemplo do que se pode fazer nesta área, e já está a visitar muitas escolas do país.