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Em pleno século XXI custa-me muito ler notícias como a que saíu hoje na revista de imprensa da Ordem dos Farmacêuticos (fonte: jornal "Metro"), que refere que mais de 75% da população mundial tem pouco ou nenhum acesso a analgésicos opioides para tratar a dor. São dados obtidos da Comissão Global de Políticas sobre Drogas, divulgados na Conferência Internacional em Kuala Lumpur, na Malásia.
O excesso de regulamentação, a falta de recursos financeiros na saúde pública e a pouca disponibilidade de opioides são as principais dificuldades encontradas ao redor do mundo para tratamento daqueles que sofrem com dores.
O acesso adequado aos opioides fortes, em particular à morfina, é crucial para evitar dor e sofrimento em várias situações. Não se pense que são só os doentes terminais e com cancro que necessitam destes medicamentos; qualquer pessoa, em alguma fase da sua vida, pode estar sujeita a dores fortes, seja por doença, traumatismo ou até nalgum parto mais custoso.
Ainda existem muitos tabus relativamente ao uso destes medicamentos, pois muita gente associa-os a um estado terminal, evitando a sua toma a todo o custo.
A dor é uma experiência sensorial subjetiva e, portanto, a sua intensidade é variável para cada pessoa. Arranjaram-se métodos objetivos para avaliar esta sensação subjetiva, como as escalas da intensidade da dor mas, mesmo assim, avaliar a dor deve ser dos diagnósticos mais difíceis de fazer. Só um médico o pode fazer e existem consultas da dor, com especialistas neste assunto.
Deve ser sempre lembrado que estes medicamentos têm efeitos adversos (obstipação, sonolência, sedação, náuseas, vómitos, paragem respiratória, etc...) e que podem causar dependência.
Por isso mesmo, os doentes que iniciem tratamento com opioides devem ser reavaliados constantemente pelo médico, único profissional que pode prescrever os referidos medicamentos.
Além da morfina, existem outros opioides também utilizados no alívio da dor. Para a dor moderada, utilizam-se os opioides mais fracos, como o Tramadol e a Codeína e para a dor forte, utilizam-se os opioides mais fortes, como a Morfina, a Metadona, o Fentanil e a Oxicodona.
Até me custa a crer que 75% da população mundial não tenha acesso adequado a estes medicamentos. Se é possível evitar a dor e o sofrimento associado, é urgente que todos se unam para que os números invertam de vez.