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Cá vou voltar mais uma vez ao meu tema de paixão: "Cuidados Farmacêuticos" e sobretudo "Seguimento Farmacoterapêutico". Se quiserem reler algum dos posts anteriores, cliquem AQUI.
Na sessão de discussão "Uso Responsável do Medicamento - A Problemática da Polimedicação", a Dra. Maria Assunção Martinez falou na "necessidade da existência de um gestor de medicação". É bom sabermos que um Membro da Comissão de Ética para a Saúde e Ex Presidente da ARS do Algarve, destaca o papel dos farmacêuticos nesta área tão importante para o doente e também para o país. Um gestor de medicação é um farmacêutico que se responsabiliza pelo seguimento da medicação de um doente.
Os números falam por si e dizem que 50% dos medicamentos não são corretamente usados pelos doentes. Isto agrava-se nos doentes polimedicados, pois a não adesão à terapêutica e, muitas vezes, o cansaço de uma terapêutica que se alonga no tempo, tornam a tarefa ainda mais difícil. O médico prescreve mas, muitas vezes, nem se apercebe o porquê da falta de eficácia da medicação prescrita.
Todos concordamos que isto tem que mudar mas, e já lá vão muitos anos desde que comecei a "estudar cuidados farmacêuticos" e a tirar cursos e formações em "seguimento farmacoterapêutico" e, em relação às medidas de mudanças na saúde no país, a este nível, parece que continua quase tudo na mesma.
Os farmacêuticos comunitários, nas suas farmácias, cada vez têm mais escassez de recursos humanos especializados e parece que têm pouco tempo para o que é realmente importante...não é só preciso querer, também é preciso poder fazer o que se quer, com muita qualidade e profissionalismo, já que, quando falamos de "Seguimento Farmacoterapêutico", o ter só uma licenciatura em Ciências Farmacêuticas ou mesmo até já ser mestre, não chega...
Nesta sessão a Dra. Assunção Martinez falou do exemplo da Suíça, onde cada doente está alojado a uma farmácia, cabendo ao farmacêutico dessa farmácia efectuar o Seguimento Farmacoterapêutico, seguindo de perto a "saúde" do doente.
Em Portugal, a nível de estrutura, nomeadamente a nível de comunicação informática (receituário disponível on-line e identificação do doente através do Cartão de Cidadão), parece que tudo se encaminha para podermos trabalhar em pleno nesta área. A pergunta é: para quando?
Muitos farmacêuticos fazem este Seguimento, mas sem qualquer remuneração acrescida. É bom que se distinga o que é um bom atendimento farmacêutico do que que é o Seguimento Farmacoterapêutico. Sei que a população em geral não faz ideia do que é este serviço e de que forma seria de tamanha utilidade para a melhoria da saúde de todos, ajudando também a reduzir o desperdício que a incorreta medicação acarreta.
Afinal, o que é isto do Seguimento Farmacoterapêutico?
"Seguimento Farmacoterapêutico é uma prática profissional em que o farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades do doente relacionadas com os medicamentos, através da detecção, prevenção e resolução dos Resultados Negativos da Medicação (RNM), de modo contínuo, sistemático e documentado, em colaboração com o próprio doente e com os outros profissionais da saúde, com o objectivo de atingir resultados concretos que melhoram a qualidade de vida do doente."
Gosto sempre de relembrar que este serviço em nada substitui o papel do médico como responsável pela prescrição de medicamentos. O farmacêutico, sempre em colaboração com o médico e com o utente, tenta de uma forma eficaz e muito presente que os medicamentos sejam tomados corretamente, evitando o desperdício e melhorando a qualidade de vida dos doentes.
Claro que, como não resisto comentar sempre alguma notícia que apareça sobre este assunto, voltarei em breve a este tema.